O “Novo Portal de Transparência”, a perseguição velada a servidores e a pergunta que não quer calar: onde vão parar R$ 14 milhões todo mês?

A Câmara Municipal de São Luís vive um período de intensa turbulência. Em meio a denúncias e pressões sobre a gestão do presidente Paulo Victor (PSB), servidores de carreira da Casa clamam por melhores condições de trabalho e reajustes salariais, engrossando ainda mais o clima de instabilidade no legislativo municipal.
Alegando buscar transparência, Paulo Victor anunciou na semana passada o lançamento de um “novo portal de transparência”. No entanto, a iniciativa parece não ter acalmado os ânimos, especialmente entre os servidores que se sentem negligenciados.
O blog Joerdson Rodrigues ouviu a diretoria do Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de São Luís (SINDISCAM-SLZ), que expôs a dificuldade de diálogo com os vereadores. A situação se agrava com relatos de perseguição por parte da Diretoria da Câmara, que teria implementado um controle de acesso para servidores efetivos através de uma lista de presença. Essa medida é vista como uma tática de intimidação contra aqueles que reivindicam melhorias no ambiente de trabalho e a revisão da defasada tabela de vencimentos.
A insatisfação chegou ao ponto de, nesta segunda-feira (26/05), os servidores se concentrarem na entrada principal da Câmara, na tentativa de sensibilizar os vereadores a abraçarem a causa dos funcionários da Casa.
No epicentro desta crise, outra polêmica veio à tona através da imprensa local: o presidente Paulo Victor busca a aprovação de uma resolução que criaria nada menos que 400 novos cargos na Câmara. O aumento no número de funções é estratosférico, variando de 167% a 220% em alguns casos. Essa manobra tem sido interpretada por muitos como uma tentativa de Paulo Victor de se esquivar de uma possível auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e, ao mesmo tempo, estabelecer um mecanismo paralelo para desviar ainda mais recursos da instituição. A controversa resolução chegou a ser incluída na ordem do dia da última sexta-feira (23/05).
Uma investigação aprofundada do blog Joerdson Rodrigues revelou números alarmantes sobre a gestão de Paulo Victor à frente da Câmara de São Luís. Desde que assumiu a presidência, a Casa já recebeu e utilizou a impressionante cifra de R$ 74.025.737,05 (setenta e quatro milhões vinte e cinco mil setecentos e trinta e sete reais e cinco centavos). Os repasses mensais da prefeitura para o legislativo municipal giram em torno de R$ 14.805.147,41 (quatorze milhões oitocentos e cinco mil cento e quarenta e sete reais e quarenta e um centavos).
Outro ponto que levanta suspeitas e intrigas no tão alardeado “novo portal de transparência” é a folha de pagamento da Câmara. No mês de abril, foram registrados exatos 731 funcionários, com um custo total de R$ 3.251.032,61 (três milhões duzentos e cinquenta e um mil e trinta e dois reais e sessenta e um centavos), apesar dos dados apresentados no documento, essa não é a realidade e o blog teve informações que a folha de pagamento na verdade seria algum em tudo de duas vezes maior que a apresentada no portal de transparência., por outro lado, fazendo uma conta simples, sobram inexplicáveis R$ 11.554.114,80 (onze milhões quinhentos e cinquenta e quatro mil cento e quatorze reais e oitenta centavos) da verba repassada naquele mês.
Diante de tamanha obscuridade e falta de clareza na gestão dos recursos públicos, uma série de questionamentos pairam sobre a Câmara Municipal de São Luís: Qual a real destinação de toda essa quantia que já passou pelos cofres da instituição? Por que a necessidade de criar centenas de novos cargos com aumentos salariais tão expressivos em meio a reivindicações salariais de servidores de carreira? O “novo portal de transparência” realmente cumpre o seu papel de informar e dar transparência aos gastos da Câmara, ou seria apenas uma cortina de fumaça para acobertar possíveis irregularidades?
Enquanto a população de São Luís aguarda respostas concretas, a crise na Câmara Municipal se agrava, levantando sérias dúvidas sobre a lisura e a responsabilidade na administração do dinheiro do contribuinte.